segunda-feira, 9 de julho de 2012

SELECÇÃO NACIONAL FEMININA SUB-19

RECONHECIMENTO DE CAPACIDADES


Peça fundamental para a equipa técnica da Selecção Nacional Feminina Sub-19, Marisa Gomes é o braço direito do Treinador Nacional, José Paisana. Nesta fase final do Campeonato da Europa Turquia 2012, a técnica lusa, em entrveista ao Portal do Futebol, destaca a resposta da Equipa das Quinas à exigência do torneio.

fpf.pt: Qual o significado desta passagem às meias-finais, logo no ano de estreia da Selecção Nacional Feminina Sub-19 numa prova europeia?

Marisa Gomes (MG): Em termos de equipa, foi o reconhecimento de um trabalho que tem sido desenvolvido desde Janeiro e ao qual correspondiam diferentes objectivos, em fases de evolução distintas. Para nós, equipa técnica, este marco significa que temos desenvolvido um bom trabalho, deu-nos confiança para mantermos os padrões de exigência, permitiu uma elevação do crescimento da equipa e sustenta, de certa forma, a preparação diária do nosso trabalho. A nossa preocupação, assim que chegámos cá, passou por conseguir minimizar as adversidades que pudessem surgir do cansaço, do clima, da diferença horária, da desregulação do sono e podemos dizer que este feito prova que o nosso trabalho deu frutos.

fpf.pt: Que mensagem transmitiram às jogadoras, no final do jogo com a Dinamarca?

MG: É muito importante estabelecer uma meta para se conseguirem determinadas respostas das equipas e essa foi sempre a nossa mensagem. Quando começámos os estágios de observação e preparação estabelecemos a qualificação para a fase final como objectivo principal, depois de a alcançarmos estabelecemos a preparação para o Campeonato da Europa, mas depois disso não estabelecemos como objectivo desportivo a passagem às meias-finais. Era, isso sim, uma ambição, para que as jogadoras se orientassem para além do que é o jogo, para que houvesse uma superação em termos colectivos, já que, de acordo com o nível de exigência e de preparação que normalmente temos, é importante estabelecermos metas acima do que é expectável. Sem qualquer tipo de pressão, transmitimos ao grupo que tínhamos esse sonho e foi-lhes pedido que fizessem o máximo para o conseguirem alcançar, que dessem tudo por tudo por elas e por todos os que nelas acreditam. Fomos sempre capazes de alcançar os objectivos que traçámos e aquilo que apresentamos aqui é o produto do que fomos trabalhando, por isso as jogadoras tiveram noção de que aquilo com que sempre sonhámos fora alcançado.

fpf.pt: Que razões estão na base deste feito?

MG: A continuidade que instituímos na equipa permitiu-nos chegar aqui e ter uma grande estabilidade, não tivemos necessidade de mudar radicalmente aquilo que tínhamos vindo a trabalhar, porque as jogadoras já tinham adquirido hábitos de trabalho e isso é fundamental para o sucesso do nosso trabalho, enquanto técnicos. De jogo para jogo, temos conseguido apresentar uma maior evolução e uma maior qualidade, e entre cada jogo temos tido a preocupação de recuperar as jogadoras num período muito curto de tempo, já que dispomos de apenas dois dias de descanso.

fpf.pt: Esta prova tem um nível competitivo muito elevado. De que forma têm gerido o aspecto do desgaste físico?

MG: Tem sido feito um trabalho muito específico e estruturado. Começámos por promover as nossas rotinas em cada jogo, uma vez que se formos capazes de as manter, o desgaste será muito menor. Se mantivermos a posse de bola, como fizemos frente à Turquia e Roménia, não notamos tanto o desgaste físico, se não formos capazes de descansar com bola, à semelhança do que aconteceu neste último jogo, teremos mais trabalho a tentar recuperar a equipa. Nos dias a seguir aos jogos, fazemos algumas actividades de mobilização das estruturas musculares e articulares, exercícios na água para descompressão e alongamentos constantes. Já durante a fase de preparação tivemos o cuidado de as preparar para este nível de competição, fazendo duas sessões de treino por dia e registámos lesões apenas relacionadas com mialgias de esforço e com as quais soubemos lidar. Preparámo-nos da melhor forma para estas intermitências na recuperação das jogadoras e elas próprias aprenderam a gerir esse factor. Isso tem sido bastante útil, porque interessa-nos que elas façam as coisas bem feitas, com a noção clara do que estão a fazer.

fpf.pt: Um dos maiores receios, antes da chegada à Turquia, era o impacto das altas temperaturas no rendimento da equipa. Como foi gerida essa adaptação?

MG: Quando chegámos cá preocupámo-nos em marcar as sessões de treino para a hora de realização dos jogos. Beneficiamos disso, porque ao serem disputados mais tarde, as temperaturas já não são tão elevadas, mas tivemos de reorganizar as rotinas de forma a que a equipa estivesse mais desperta a essa hora. Por conseguinte, o despertar matutino passou a ser feito mais tarde, também, e regulámos toda a nossa actividade de acordo com o princípio de que se acordarem mais tarde terão mais capacidade de reacção a essa hora. Adaptámo-nos a essa necessidade e regulámos a nossa actividade com base nessas rotinas mais tardias.

fpf.pt: O que podemos esperar da Equipa das Quinas no próximo jogo, já depois de três partidas disputadas a uma alta intensidade?

MG: É um jogo com um grau de dificuldade muito grande, mas também com um nível motivacional elevado. Normalmente, estas equipas apresentam um tipo de jogo com uma organização mais concentrada, o que nos permite estabelecer estratégias mais definidas. É uma partida que acontece numa fase onde o nosso desgaste é maior, por isso teremos de encontrar um equilíbrio para que aquilo que fizermos seja bem feito. A Espanha tem muita qualidade colectiva e, sobretudo individual, a qual poderá ser combatida com o valor da nossa equipa, enquanto grupo. O nosso maior argumento será o colectivo, aliás como tem sido, perante uma equipa que apresenta muitas individualidades, podendo esse aspecto ser aproveitado por nós como fragilidade.

O jogo das meias-finais será disputado na próxima quarta-feira, diante da Espanha, pelas 21h00 locais, no Mardan Sport Complex.

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